Reskilling e upskilling na TI na era da IA

A S&P Global anunciou que, a partir deste mês, 35.000 funcionários vão passar por um bootcamp de Inteligência Artificial Generativa (GenAI), passando por um processo de reskilling e upskilling para que todos possam adotar, construir e inovar com a Inteligência Artificial.

A tendência é que essas notícias se tornem cada vez mais comuns no mercado, com grande parte das empresas investindo em treinamentos e consultorias para seus times. Afinal, não adianta passar horas pensando em como a IA vai acabar com determinados empregos.

Este é o momento para que as lideranças dentro das organizações busquem construir estratégias de reskilling e upskilling de profissionais, incentivando-os a experimentar e agregar valor, enfatizando a inovação como a chave para a segurança no emprego.

O papel das empresas agora é ajudar seus funcionários a “atravessarem a ponte” para esse novo mundo do trabalho, em que IA e humanos criam e desenvolvem projetos e iniciativas juntos, algo que o professor Ethan Mollick, da Wharton School, batizou de co-inteligência.

Ou seja, aproveitar o que as pessoas e a IA fazem de melhor, com a inovação integrada à estrutura de criatividade e crescimento organizacional. Isso depende do envolvimento de todos, começando por um programa de treinamento.

Neste post, vamos falar sobre processos de reskilling e upskilling na área de TI e as novas necessidades que estão surgindo com a ascensão da GenAI.


Transformando o futuro do trabalho com reskilling e upskilling

Na era da Quarta Revolução Industrial, onde a Inteligência Artificial está transformando rapidamente o mercado de trabalho, conceitos como reskilling e upskilling se tornaram cruciais para a sobrevivência e o sucesso das organizações.

Segundo o Fórum Econômico Mundial, mais de 1 bilhão de pessoas precisarão ser requalificadas até 2030, destacando a urgência de investir nos talentos existentes.

Reskilling vs. Upskilling

Reskilling: processo de adquirir novas habilidades para preparar os colaboradores para novas funções ou transições de carreira.

Upskilling: foco em melhorar ou expandir habilidades existentes para manter a competitividade em um papel específico.

Diante desse cenário, o papel das empresas é claro: ajudar seus funcionários a se adaptarem às novas exigências, garantindo que estejam prontos para contribuir em um ambiente cada vez mais impulsionado pela IA.

Além disso, um estudo do IBM Institute for Business Value revelou que 40% da força de trabalho precisará ser requalificada nos próximos três anos, enfatizando a importância de ser proativo.

Ao priorizar o desenvolvimento interno, as empresas não apenas permanecem competitivas e inovadoras, mas também descobrem talentos ocultos que podem prosperar em funções maiores e mais importantes com o treinamento adequado.

Essas iniciativas também atendem à preocupação crescente entre os trabalhadores, com 25% temendo que seus empregos se tornem obsoletos devido à IA Generativa, um aumento significativo em relação aos 15% registrados em 2021, de acordo com uma pesquisa da Gallup

A verdadeira chave para o futuro do trabalho é a capacidade de aprender, desaprender e reaprender, mantendo a relevância e o crescimento contínuo em um cenário em constante evolução.

O foco no reskilling é essencial para garantir que os colaboradores estejam prontos para enfrentar essas transformações, uma vez que ele é voltado para o longo prazo.

Por outro lado, o upskilling, que busca aprimorar habilidades já existentes, pode se tornar insuficiente, especialmente em indústrias com alto risco de automação. Com a maioria das habilidades tendo uma “meia-vida” de aproximadamente cinco anos, é evidente que o investimento em requalificação contínua trará retornos mais sólidos e duradouros no futuro.

A transformação e a convergência industrial são outros fatores que reforçam a importância do reskilling. Setores como banco, varejo, telecomunicações, saúde e entretenimento estão sendo redefinidos por outras indústrias, criando um ambiente onde as habilidades precisam ser constantemente ajustadas e aprimoradas.

Esse fenômeno de transformação entre indústrias exige que empregadores e empregados mantenham uma mentalidade aberta, percebendo as habilidades como ativos que podem mudar rapidamente ao longo do tempo.

Diante desse cenário, a capacidade de aprender, desaprender e reaprender se torna crucial para garantir um futuro de trabalho promissor e realização pessoal. Independentemente da posição ocupada – seja empregador, empregado ou freelancer – a adaptabilidade e a disposição para adquirir novas habilidades serão fundamentais para prosperar em um mercado de trabalho em constante evolução.

Assim, as organizações que investirem em reskilling estarão não apenas se preparando para o futuro, mas também garantindo a sustentabilidade e a competitividade a longo prazo.

>>Leitura recomendada: Como adotar a IA generativa nas empresas

Tornando o reskilling uma realidade nas organizações

De acordo com artigo da Harvard Business Review, a meia-vida média das habilidades agora é de menos de cinco anos e, em algumas áreas de tecnologia, é de apenas dois anos e meio. 

Essa aceleração das transformações impulsionadas pela GenAI e outras tecnologias, fazem com que o reskilling deixe de ser um diferencial para as organizações e se torne um imperativo estratégico para aqueles que precisam se manter competitivos.

Mais do que uma simples atualização de habilidades, o reskilling exige uma abordagem abrangente, que vai além do treinamento tradicional, promovendo o aprendizado contínuo e o gerenciamento centrado em competências.

Como implementar essa prática de forma eficaz? Ainda de acordo com a HBR, é essencial que as organizações criem um ambiente que valorize o desenvolvimento contínuo. Isso inclui o apoio integral aos colaboradores em todas as fases do processo, desde a identificação de novas habilidades até a aplicação prática no dia a dia.

O sucesso do reskilling depende diretamente do compromisso de todos os níveis de liderança. Integrar esses programas à estratégia da empresa desde o início garante que as iniciativas sejam relevantes e alinhadas aos objetivos organizacionais.

Além disso, é fundamental adotar práticas de gestão de mudanças, criando uma cultura organizacional que apoie o desenvolvimento de novas competências e a adaptação às novas demandas do mercado.

A colaboração entre diferentes áreas da organização é outra peça-chave para o sucesso do reskilling. Promover um ambiente colaborativo facilita a identificação das lacunas de habilidades e a criação de programas específicos que atendam às necessidades reais da empresa.

Para enfrentar o desafio de requalificar milhões de trabalhadores nos próximos anos, as empresas precisam tratar o reskilling como uma parte essencial de sua proposta de valor, aumentando sua atratividade tanto para os talentos atuais quanto para os futuros.

Essa abordagem representa uma mudança na cultura organizacional, contrariando as expectativas de empresas que adotam a IA para automatizar tarefas e, com isso, esperam cortar custos, como apontam 45% dos entrevistados por uma pesquisa do Richmond Federal Reserve.

Em resumo, tornar o reskilling uma realidade eficaz nas organizações requer uma visão estratégica, um compromisso de liderança e um ambiente organizacional que valorize a aprendizagem contínua.

Ao fazer isso, as empresas não apenas preparam sua força de trabalho para o futuro, mas também garantem uma vantagem competitiva sustentável em um mundo de trabalho cada vez mais dinâmico e imprevisível.

>>Leitura recomendada: Casos de uso do Chat GPT no mundo organizacional

O papel da liderança no processo de reskilling e upskilling

A liderança desempenha um papel crucial na implementação bem-sucedida do reskilling dentro das organizações, especialmente no que diz respeito à mentalidade dos gerentes de nível médio.

Esses gerentes frequentemente demonstram resistência ao processo de requalificação, principalmente por dois motivos:

  • Interferência nas responsabilidades regulares: temem que sua equipe não consiga cumprir as responsabilidades diárias durante o período de treinamento, o que pode impactar a produtividade e o desempenho geral.

  • Perda de talentos para outras áreas: receiam que, uma vez requalificados, os funcionários sejam transferidos para outras partes da organização, resultando na perda de seus melhores talentos.

Essa resistência pode resultar na “acumulação de talentos”, onde os gerentes tentam reter seus melhores colaboradores, impedindo-os de participar das iniciativas de reskilling.

Para superar essa barreira, algumas empresas adotaram estratégias que tornam o desenvolvimento de talentos uma responsabilidade explícita da liderança.

A Wipro, por exemplo, avalia o desempenho dos gerentes com base na participação de suas equipes em programas de treinamento. Isso incentiva os líderes a promoverem ativamente o desenvolvimento de seus subordinados, garantindo que o reskilling seja uma prioridade dentro da organização.

Além disso, empresas como a Amazon promovem líderes com base em critérios que incluem a avaliação de como eles desenvolvem suas equipes. Essa abordagem cria uma cultura organizacional onde o reskilling e upskilling é valorizado e incentivado, transformando a resistência inicial dos gerentes em um compromisso com o desenvolvimento contínuo.

Ao integrar o desenvolvimento de talentos aos critérios de avaliação e promoção, as empresas garantem que seus líderes estejam alinhados com a necessidade de preparar a força de trabalho para os desafios futuros.

>>Leitura recomendada: TI Operacional vs. TI Estratégica: como é na sua empresa?

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