O Brasil tem passado por uma intensa digitalização e inovação financeira com o Open Finance, que visa não apenas o compartilhamento de dados, mas também a inclusão de serviços como a iniciação de transação de pagamento, o encaminhamento de propostas de crédito e o Pix via Open Finance, uma união que promete ser o futuro dos meios de pagamento.
Em 2023, o volume de transações realizadas por Pix aumentou 217% em relação ao ano anterior. O número de operações saltou de 11,7 bilhões em 2022 para 37,1 bilhões em 2023, movimentando um total de R$ 16,9 trilhões, em comparação aos R$ 10,9 trilhões do ano anterior.
Esses números, fornecidos pelo Banco Central, demonstram a crescente adoção do Pix pela população brasileira, que já conta com cerca de 145 milhões de usuários cadastrados, o que representa aproximadamente dois terços da população do país.
Essa inovação simplifica o processo de pagamento, dentro de jornadas Open Finance, para o usuário e também oferece benefícios significativos para as instituições financeiras, comércios e estabelecimentos.
Este cenário é ainda mais potencializado pela integração com a inteligência artificial generativa (GenAI), que promete aprimorar a análise de dados e fortalecer os modelos de tomada de decisão, ainda mais para as instituições participantes do Open Finance. Para saber mais sobre o tema, continue acompanhando esse artigo!
- Open Finance e ITP na Agenda BC#
- Simplificando a jornada de pagamentos: Pix via Open Finance
- Pix automático: como funciona
- Impacto da IA generativa no Open Finance
Open Finance e ITP na Agenda BC#
A agenda BC# foi criada pelo Banco Central para modernizar, digitalizar e acelerar a competição entre os serviços financeiros.
Dentro dessas iniciativas da agenda BC#, nós tivemos o Open Finance, que reúne em um mesmo ecossistema diversas iniciativas de digitalização de serviços financeiros e um amplo escopo de dados, como os relacionados a informações cadastrais, transacionais de contas, cartões de crédito, empréstimos, investimentos, câmbio, seguros e previdência.
Além disso, foi criada uma nova figura: o Iniciador de Transação de Pagamento (ITP). O ITP pode realizar pagamentos, movimentando valores que estão custodiados em qualquer instituição detentora de conta do ecossistema, incluindo a iniciação de transações via Pix em outras instituições, o que permite uma série de casos de uso. Alguns dos principais são:
- Cash-in na conta;
- Pagamento de fatura com saldo de contas em outras instituições;
- Conta digital completa;
- Substituição de outros meios de pagamento (como boleto).
De acordo com o Valor, dados do Banco Central apontam que mais de R$ 434 milhões foram transacionados em pagamentos entre janeiro e setembro realizados a partir da modalidade da iniciação de transação de pagamento (ITP).
O valor já é mais do que três vezes de tudo que foi transacionado em 2022, quando a função foi disponibilizada pelo Banco Central. A avaliação é que no primeiro trimestre deste ano a funcionalidade ganhe tração.
Até mesmo porque, a chegada de novos recursos relacionados ao Pix via Open Finance deve acelerar a adesão a iniciação de transação de pagamento. No e-commerce, por exemplo, muitos lojistas estão querendo ampliar os meios de pagamento oferecidos, para agradar e facilitar a experiência dos clientes.
O Open Finance também abre a oportunidades dos participantes utilizarem os dados para hiperpersonalizar ofertas, oferecer novos produtos e serviços de acordo com o perfil dos clientes. O ecossistema do Open Finance viabiliza a padronização necessária para que essas informações circulem e o ITP traz uma maior facilidade em relação aos pagamentos, o que abre espaço para o surgimento de novos modelos de negócio.
>>Leitura recomendada: Novos modelos de negócio com o Iniciador de Transação de Pagamento: benefícios e inovação
Simplificando a jornada de pagamentos: Pix via Open Finance
Como já comentamos acima, o Open Finance não se limita ao compartilhamento de dados. Atualmente, há 3 tipos de serviço dentro desse ecossistema:
- compartilhamento de dados;
- compartilhamento de serviço de iniciação de transação de pagamento (o Pix via Open Finance faz parte desse serviço);
- compartilhamento de serviço de encaminhamento de proposta de crédito.
Por meio do Open Finance, a jornada de compra com o Pix se torna muito mais simples e fluída. Para se ter uma ideia, sem o ITP uma jornada de compra com Pix tem 7 passos:
- seleciona a forma de pagamento para concluir a compra;
- ao escolher Pix, o pagador copia o código do “Pix Copia e Cola”;
- sai da sua loja e abre o aplicativo do banco;
- vai até a funcionalidade Pix e seleciona o “Pix Copia e Cola”;
- cola o código no ambiente do Pix no app do banco;
- retorna a tela do checkout do e-commerce;
- espera o retorno de pagamento aprovado.
Com a iniciação de pagamento do Open Finance, a jornada passa a ter apenas 3:
- escolhe a opção de pagamento “Pagar com o Pix via Open Finance”;
- ainda no app ou plataforma da loja, o pagador escolhe um banco e é redirecionado, automaticamente, para autorização do pagamento e utilização do saldo em conta;
- o pagador realiza a autenticação com senha ou biometria e a confirmação de pagamento é exibida na hora.
Para além da otimização da experiência, o Pix via Open Finance traz outros benefícios, como:
- Redução na taxa de abandono de compra;
- Menos riscos de fraude;
- Aumento da conversão;
- Aumento da rentabilidade.
Nesse sentido, essas novas experiências de compra dialogam com o “embedded finance”, criando oportunidades de empresas não financeiras integrarem serviços financeiros em seu portfólio.
Pix automático: como funciona?
Com a popularização do Pix no Brasil, o Banco Central tem evoluído esse serviço e a previsão é que em outubro desse ano o Pix automático já esteja disponível.
O Pix automático é uma funcionalidade do sistema de transferências instantâneas que consiste em facilitar pagamentos recorrentes. Com o Pix automático, os usuários podem autorizar previamente transações periódicas em suas contas sem a necessidade de autenticação no momento da transferência.
A ideia é que empresas de diversos segmentos, como educação, seguros, serviços de assinatura, academias ou varejo possam fornecer o meio para seus consumidores, o que significa uma maior democratização de acesso para empresas de diferentes tamanhos, assim como para a população, para pagamentos de diversos tipos de serviço, como:
- serviços públicos: água, luz, telefone e contas domésticas;
- assinatura de serviços: internet, streaming, portal de notícias;
- serviços recorrentes: diarista, terapia e treinador físico etc.;
- mensalidades: escola, condomínio, plano de saúde, aluguel e
- serviços financeiros: parcelamento de seguro, empréstimo, consórcio.
Para o pagador, a expectativa é que a automatização do Pix evite o atraso no pagamento das contas por esquecimento, além de comodidade para o usuário.
Para quem recebe, a expectativa é de redução da inadimplência, além de otimizar o processo de cobrança, ampliar a base de clientes, aumentar a competição e reduzir custos.
Portanto, o objetivo do recurso é facilitar o pagamento recorrente de pessoas físicas a empresas, como mensalidades, assinaturas, doações, mesadas e outros serviços. O Pix automático representa uma vantagem para essas instituições que recebem os pagamentos, por meio da redução nos custos envolvidos nas cobranças, como o débito automático, além de minimizar a inadimplência.
Quando o Pix automático estará disponível?
Segundo ao Banco Central, o Pix automático deverá ser disponibilizado no dia 28 de outubro de 2024. O recurso será obrigatório a instituições participantes do Pix e os participantes têm até a data do lançamento do recurso para serem aprovados nos testes homologatórios — realizados para o bom funcionamento do recurso. Os que não forem aprovados ou que não disponibilizarem o serviço até a data estipulada serão multados por dia de atraso com um limite de 60 dias.
Entre as regras gerais de funcionamento do Pix Automático, estão:
- procedimentos de autorização prévia;
- normas para o cancelamento da autorização;
- regras para a rejeição e para a liquidação da transação;
- funcionalidades a serem oferecidas ao usuário pagador e ao usuário recebedor;
- regras de devolução e de responsabilização em caso de erro;
- o limite diário para as transações relacionadas ao produto, entre outras.
Qual a diferença entre Pix automático e Pix agendado?
A principal diferença entre o Pix automático e o Pix agendado está no destinatário da transferência. Enquanto o Pix automático é restrito para o pagamento de clientes a empresas, o Pix agendado é uma forma de automatização voltada a pagamentos entre pessoas físicas.
Para utilizar o Pix agendado, o usuário pagador deve fornecer as instruções de pagamento, inserindo no aplicativo do banco o valor, a data e o horário das operações. Assim como o Pix automático, o Pix agendado também deverá ser ofertado pelas instituições financeiras a partir de outubro deste ano.
Impacto da IA generativa no Open Finance
A IA generativa foi apontada pela Gartner como uma das principais tendências de tecnologia para 2024 e é inegável o impacto da GenAI em todo mercado, incluindo o mercado financeiro, já que essa tecnologia proporciona mais eficiência, assim como melhoria no custo-benefício.
Além disso, como já comentamos acima, uma das grandes promessas do Open Finance, é a utilização dos dados para personalizar ofertas e serviços. Com a IA generativa, é possível aprimorar a análise de informações, fortalecendo os modelos de tomada de decisão.
Dessa forma, a IA pode potencializar a produtividade no setor e aprimorar a qualidade das ofertas, com o surgimento de novos modelos de negócio.
Outra área que tem grande potencial para evoluir com a IA generativa é a cibersegurança. No ecossistema Open Finance, haverá um volume maior de dados e mais conectividade, o que impacta diretamente o número de transações e informações trocadas, o que vai demandar mais ações de mitigação de riscos.
A IA pode ser usada de diversas formas no combate a ações fraudulentas. É possível, então, treinar os modelos para melhorar a identificação de atividades maliciosas por meio da rápida análise de diversas transações simultâneas.
Além disso, sistemas de IA podem aprimorar o monitoramento do comportamento dos usuários, identificando mais rapidamente uma movimentação suspeita. A IA pode, ainda, aperfeiçoar os sistemas de verificação de identidade do cliente e de identificação de instrumentos de phishing, entre outros.
Assim, para colher os benefícios das novas tecnologias de forma segura dentro do Open Finance, é essencial uma boa regulamentação e supervisão por parte das autoridades do setor, além da responsabilidade dos agentes com um uso ético da tecnologia.
Opus Open Finance
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