FEBRABAN TECH 2023: confira os destaques e principais painéis do evento

O FEBRABAN TECH 2023, evento que aconteceu entre os dias 27 e 29 de junho, promoveu uma série de palestras e workshops sobre o mercado financeiro. Com tema central “A bioeconomia e as oportunidades em uma sociedade digital”, o FEBRABAN TECH reuniu as lideranças dos setores financeiro, tecnologia, sustentabilidade e de áreas interessadas em inovação, para debater sobre temas atuais da economia digital.

Acompanhe os destaques de cada dia:


FEBRABAN TECH 2023 – Dia 1



Dominando seu ambiente de nuvem: o papel crucial do FinOps na gestão financeira de TI

Gerenciar os recursos financeiros e tecnológicos têm sido um desafio constante para as instituições. Estudos mostram que as empresas desperdiçam, em média, 32% de seus gastos com nuvem. Dessa forma, a metodologia FinOps chega para orientar equipes de engenharia, finanças, tecnologia e negócios a trabalharem juntas nas decisões dos custos na nuvem. 

Jenn Darkazalli (IBM) e Wagner Arnaut (IBM) reforçaram a importância da implementação de uma cultura FinOps dentro das empresas. “O maior desafio não é de tecnologia, mas sim cultural. Como eu mudo a cultura dos meus times para pensarem em otimização e eficiência de custos operacional?”, questiona Arnaut. 

Para Jenn, essa mudança de mindset fará com que todos se responsabilizem pelos recursos consumidos e passem a trabalhar de forma conjunta, com a preocupação de escalar o uso de FinOps para a organização como um todo. 

Quanto aos desafios em relação à engenharia financeira, a recomendação foi a implementação de um conjunto de práticas de FinOps que forneçam governança, apresentem relatórios, análises e planejamento para otimização de custos. Automação e análise contínua também foram destacadas pelos painelistas para garantia do sucesso na implementação de Finops.  


Open finance e a evolução dos serviços agregados

Matheus Rauber (Banco Central), iniciou o painel apresentando a agenda de priorização do Banco Central para 2023. Destacando o Iniciador de Transição de Pagamentos, incluindo ainda a melhoria na fase de dados (tanto abertos, quanto transacionais) e iniciativas que envolvam a evolução da própria estrutura. 

Essa preocupação regulatória na jornada do Open Finance no Brasil foi reconhecida na pesquisa organizada pelo Open Banking Excellence e citada por Helen Child, sua co-fundadora. Helen destacou a liderança global do Brasil em Open Finance e reforçou a importância da colaboração entre instituições financeiras e órgãos reguladores para o crescimento do ecossistema. “Todos no mundo ficam maravilhados com os avanços do Brasil e aspiram alcançar esse cenário”, afirma ela.

Helen atribuiu o sucesso e aceleração da iniciativa nacional aos aprendizados que o país tirou da implementação no UK e na Índia e à experiência e escala que o Pix alcançou. Reforçou que esse ritmo, associado à grande participação do mercado, garantirão casos de uso mais complexos e um mercado mais forte, quando comparado às demais aderentes. 

Cristina Pinna (Bradesco) e Ísis Galote (Itaú Unibanco), apresentaram exemplos de aplicação e geração de valor por meio de dados gerados pelo ecossistema. Com uso de tecnologia moderna, análise avançada de dados e IA generativa, é possível elaborar estratégias visando a perspectiva do cliente. Cristina reforçou ainda a importância da padronização e da qualidade dos dados gerados para a hiperpersonalização. 

Apesar dos avanços, Rauber reconheceu que as instituições tiverem ainda pouco tempo para pensar em novas soluções, uma vez que estão focadas nas especificações. No entanto, os painelistas estão otimistas quanto à capacidade criativa que esse ecossistema conectado permite.


Hiperpersonalização, onboarding digital e a fidelização do cliente

A pandemia acabou por acelerar a digitalização de diversos processos financeiros, aumentando os desafios de segurança e deixando o cliente também mais exigente. Por isso, é importante ter um mindset conversacional, unindo o potencial de escalabilidade da tecnologia e o subjetivo do ser humano para criar experiências hiperpersonalizadas, considerando, por exemplo, no caso de um chat no WhatsApp, o histórico e a continuidade das conversas na hora de realizar um atendimento ao cliente.

Na opinião dos painelistas, o maior erro nesse momento é não tentar novas abordagens e experiências com foco nas necessidades do cliente. Não se esquecendo de encontrar o limiar entre falar demais e ser considerado spam e se distanciar e acabar perdendo a conexão.

Outro ponto de atenção é não perder a unicidade das jornadas, por mais que a tendência seja a hiperpersonalização, é importante preservar uma estrutura omnichannel. Além de que, é fundamental ter uma gestão de dados eficiente, para que a vontade de atender as necessidades do cliente não crie bolhas, vícios e interpretações enviesadas, perdendo o caráter humanizado da experiência.

Do ponto de vista da segurança, a pandemia fez com que os onboardings precisassem ser feitos de maneira 100% digital e até hoje existe o desafio de torná-los cada vez mais simples e seguros.


Global Open Finance Index mostra cenário global do Open Finance

A pesquisa, feita em parceria com o Banco Mundial, pesquisadores da Universidade de Oxford e a comunidade de Fintechs do Reino Unido, pode ser acessada aqui.

Helen chamou a atenção para a importância e impacto da participação ativa dos reguladores nos avanços das iniciativas de Open Finance. O Brasil é destaque sobretudo nesse pilar (regulatório), ficando em segundo lugar, junto com UK e Austrália, se posicionando entre os melhores do mundo nas dimensões relativas a cibersegurança e privacidade. 

A pesquisa apontou ainda que os principais casos de uso no Brasil envolverão aplicações de gerenciamento de finanças pessoais (PFM – Personal Finance Management), e previu que o setor mais impactado no país será o de Crédito.


Pagamentos digitais e Pix ampliam fronteiras da cashless economy

O painel se concentrou em analisar principalmente o papel do Pix em uma sociedade cada vez mais cashless e as perspectivas do Banco Central para o futuro, afinal hoje 7 em cada 10 transações são feitas por meios digitais.

O Pix é uma porta de entrada para meios de pagamento digitais e para o sistema financeiro como um todo, abrindo um leque para novos negócios e experiências para os clientes, fazendo com que todos no ecossistema tenham que rever as jornadas de compra, para se tornar mais competitivos e também mais seguros.

De acordo com a representante do Banco Central, Mayara Yano, os planos para as próximas ações do Pix são: o Pix automático, para pagamentos recorrentes e o Pix internacional, considerando que o Brasil é referência nesse modelo para outras jurisdições e que pode influenciar outros países a adotar esse meio de pagamento.

Para as painelistas, as palavras que melhor descrevem o Pix são: simplicidade, segurança, conveniência e agilidade. Este último, pensando no processo de desenvolvimentos dos produtos.

>>Leitura recomendada: Pix via Open Finance


IA para banking: Return on Intelligence (ROI)

O painel analisou, sob uma perspectiva de IA first, com foco na IA generativa, como agregar valor por meio dela, sem se esquecer da necessidade de governança, já que essa ainda não é uma prática regulamentada.

Nesse sentido, para atingir um bom ROI em uma iniciativa de IA é necessário pensar em uma escala de maturidade, que fomente uma cultura orientada ao uso correto de inteligência artificial, superando a fase experimental para colher benefícios mais maduros.

Os desafios a serem superados são: a integração com a área de negócios, implementação de cases de uso, entender o que vai capturar mais valor para o seu negócio, ter um bom volume de dados de qualidade e poder contar com profissionais que saibam aplicar as técnicas de forma correta para construir os cases de uso.

Para conquistar esses resultados, o painelista ressalta o papel da TI na governança desse ecossistema de inteligência artificial, atuando como orquestradora das ações, podendo até gerenciar as finanças dos projetos e acompanhar desde o início as métricas de negócio, para maximizar o ROI.


FEBRABAN TECH 2023 – DIA 2


CIOs dos bancos: a tecnologia no centro dos negócios

O painel, que teve como objetivo debater o papel dos CIOs no ecossistema da tecnologia e dos negócios focou em 4 temas principais: perfil do profissional de tecnologia, IA generativa, Open Finance e Cloud.

No que tange o perfil do profissional de tecnologia, os painelistas apontaram que hoje um CIO/liderança de tecnologia precisa ser um facilitador para as outras áreas, eliminando fronteiras, ou seja, um “influenciador”, capaz de mostrar por meio da tecnologia quais são as possibilidades e benefícios para o negócio. Além do aperfeiçoamento nas habilidades técnicas, as soft skills e a capacidade de empatia, também foram destacadas como fundamentais para o futuro.

No campo da inteligência artificial, em especial com o avanço da IA generativa, os painelistas apontam que essa tecnologia vem para expandir as habilidades humanas, a partir de uma disrupção dos meios de produção, que promete desafiar as estruturas que conhecemos hoje. “As gerações anteriores estavam acostumadas a dar respostas. Hoje em dia, com a IA, é importante saber fazer as perguntas certas”, aponta Edilson Reis (Bradesco).

O Open Finance é ainda um desafio técnico de implementação para os bancos, propondo um modelo de trabalho diferente e ampliando a oportunidade de se conhecer melhor o cliente. Ele vem acompanhado de desafios, como o entendimento de que os dados são do cliente e não do banco e, claro, de orquestrar casos de uso que permitam a monetização e, sobretudo, entreguem valor para os usuários.

Por fim, em relação a nuvem, Christian Flemming (BTG Pactual), apontou que as principais dificuldades são: capital humano habilitado para trabalhar com essa tecnologia, segurança, proteção de dados e custos – a nuvem só é uma opção financeiramente viável, quando monitorada e bem gerida.

>>Leitura recomendada: Gestão de TI: navegando por desafios e oportunidades


No próximo nível: a nuvem e a nova era dos serviços financeiros

A nuvem é uma grande habilitadora da transformação digital e evolução da bancarização, propiciando uma série de benefícios econômicos e sociais como o Pix, o Open Finance e os próprios bancos digitais. De acordo com dados apontados no painel, hoje, cerca de 80% dos players do setor financeiro usam a tecnologia multicloud.

Nesse sentido, os painelistas mostraram como a nuvem é uma viabilizadora de inovações. Afinal, diante de crescimentos exponenciais, é ela que surge para reduzir gargalos da operação. Porém, ela vem acompanhada também da necessidade de transformar processos e a cultura da empresa, além de se instituir uma governança operacional.

Além disso, o modelo sob demanda da nuvem requer também uma governança financeira, com até mesmo a implementação de frameworks de FinOps, para que todos os benefícios dessa infraestrutura sejam utilizados com responsabilidade financeira.

É impossível falar em cloud sem tratarmos da governança de segurança. Como apontado no painel, planos de contingência para disaster recovery, backup e matriz de responsabilidades, afetam diretamente nos resultados obtidos com cloud.

Por fim, os painelistas destacaram o papel do cloud no ESG, no sentido de promover maior digitalização, bancarização, ampliação da transformação digital e avanços sociais no país, até mesmo como forma de entender melhor o cliente e ajudá-lo a fazer uma melhor gestão de suas finanças, por exemplo.


Relacionamento personalizado com dados do open finance

Extrair dados personalizados tem sido um desafio, uma vez que os clientes têm se relacionado com um número cada vez maior de bancos e instituições financeiras. Isso tem gerado uma fragmentação de dados e dificultado uma visão abrangente. O uso de tecnologias de inteligência artificial conversacional, como, por exemplo, chatbots e agentes virtuais, têm ajudado empresas a reverter esse cenário e trazer mais personalização para seus produtos e serviços. 

Fabricio Violin, gerente-executivo de Open Finance do banco BV, apresentou os resultados dos primeiros experimentos que o banco tem feito em parceria com o Google Cloud, utilizando sua inteligência artificial generativa. “Os experimentos de personalização mostraram resultados promissores tanto em engajamento do cliente (+90%) como em conversão de oferta (+8x)”, afirma Violin.  

Pedro Britto, representante do Google Cloud, trouxe exemplos de aplicação da ferramenta de IA generativa da plataforma por fintechs, que possibilitam recomendações financeiras para seus clientes, e até mesmo sintetizam documentos e geram insights para analistas de riscos.  

Ao longo do painel, ele também apresentou como a ferramenta apoia o BV no uso dos dados. “Com essa inteligência conseguimos criar uma experiência conversacional e personalizada, pegando contextos específicos e generalizando para outros clientes do banco, para então trabalhá-los separadamente”, ressalta Britto.


Impactos da assimetria de dados na evolução do open finance

O painel se concentrou em abordar os principais impactos da assimetria de dados na sociedade, assim como o papel do Open Finance, entre outras iniciativas, em reduzir essa diferença, afinal “saber é poder”.

Entre os principais efeitos da assimetria de dados, apontados pelos painelistas, estão: desconfiança do mercado e do consumidor; processos rígidos; burocracia; incertezas; dificuldades de enxergar os “bons pagadores”; maior propensão a fraude; mercado de crédito estagnado; e vantagens competitivas desiguais.

Nesse sentido, o desenvolvimento do Open Finance, vem justamente com o objetivo de criar esse ecossistema de dados – a partir de consentimento dos clientes – e aumentar a competitividade entre os players.

Entretanto, mesmo com o Open Finance tendo maior propensão de ajudar a reduzir a assimetria de dados, ainda vemos poucas ofertas e modelos de negócio verdadeiramente inovadores, que podem ir além das melhorias nas ofertas de crédito e financiamento, que são grandes apostas atualmente. Ou seja, ainda é necessário percorrer um longo caminho de ajustes e correções para enxergar uma mudança.

Para os palestrantes, a educação financeira e a comunicação entre instituições e clientes deve ser um ponto fundamental para superar o desafio e inserir novas pessoas nessa cultura. Afinal, não existe mais monopólio de clientes, e é a partir dos dados e informações coletadas que será possível traçar novos perfis e entender o comportamento de novas gerações.


Open finance: perspectivas e próximos passos

No painel, representantes do Santander, Banco do Brasil, OpenID Foundation e Getnet, percorreram suas trajetórias no Open Finance e compartilharam experiências desde o seu lançamento, em 2020. 

Keka Ferrari, Gerente de Open Finance Regulatório do Banco do Brasil, falou sobre a forte atuação do banco nos grupos do ecossistema. “Em paralelo a toda preocupação com a entrega regulatória, priorizamos ser um banco com casos de uso desde o início da iniciativa”, comenta ela. No evento, o BB está lançando a solução que permite a portabilidade de crédito direto do app usando dados do Open Finance. 

Os painelistas comentaram também sobre as expectativas para às próximas fases do Open Finance. Keka comentou sobre próximos passos da Fase 3, sobretudo para o segundo semestre, que, passando sua fase estruturante, permitirá ao ecossistema habilitar modelos de negócio que alavancarão o uso do Iniciador de Pagamento, atrelado à pagamentos recorrentes e ao fluxo sem redirecionamento, uma inovação no setor, na visão dela.

Já para a Fase 4, Jóice Almeida, Head de Open Data do Santander Brasil, demostrou otimismo. “Passaremos a ter acesso a atributos de dados que hoje não estavam disponíveis e seremos capazes de entregar ofertas de experiência e assessoria, de fato, hiperpersonalizada”, destaca Jóice.

Apesar dos poucos casos de uso com os dados gerados pelo Open Finance, os painelistas reforçaram os importantes avanços que a iniciativa já proporcionou. Citando a facilitação do processo de preenchimento de proposta e conexões de sistemas de pagamentos dentro do RPS das empresas. Reforçaram também o potencial provocador que o sistema tem tido para outros processos, citando o de segurança e prevenção de fraudes, que beneficiarão o sistema financeiro como um todo.


A importância da tecnologia para a eficiência nos serviços financeiros

A tecnologia está presente em uma série de reinvenções e transformações pelas quais já passaram as instituições financeiras. Hoje, com o aumento nos investimentos em tecnologia, a partir do entendimento de que é ela que vai conseguir viabilizar uma série de demandas, ela começa a ser vista como um parceiro da área de negócios, responsável por alavancar iniciativas.

Dentro disso, existem diversos desafios, entre eles colocar o cliente no centro da tomada de decisões e ainda sim se manter ágil; adotar uma infraestrutura de cloud e integrar áreas; lidar com sistemas legado complexos e ainda investir em novas tecnologias; e auxiliar na capacitação de profissionais (tanto em hard, quanto em soft skills).

Além disso, os painelistas também falaram sobre um dos temas mais comentados do FEBRABAN TECH: a IA generativa. Para eles, a IA pode ser utilizada tanto para melhorar a satisfação de colaboradores internamente, quanto de clientes, assim como ajudar a reduzir riscos quando o assunto é cibersegurança.

Do ponto de vista do desenvolvimento de produtos e serviços, é fundamental pensar em acessibilidade, privacidade de dados e segurança da informação.

Ao final, os palestrantes destacaram a importância da colaboração – com concorrentes, fornecedores, consultorias e parceiros de tecnologia para melhorar os resultados obtidos. Para Julio Gomes (Microsoft), é impossível fazer tudo sozinho e ainda ter agilidade.


FEBRABAN TECH – DIA 3


Monetização de dados: informações que geram valor

Os painelistas iniciaram a discussão refletindo sobre as possíveis restrições de interpretação que o termo “monetização” pode gerar no contexto de Open Finance. Eles reforçaram que o termo não se restringe à conversão em dinheiro, mas a uma ampla gama de serviços, dados e valor compartilhado entre os diferentes participantes do ecossistema.

Matheus Rauber (Banco Central) falou sobre os desafios de comunicação que o termo Open Finance ainda enfrenta. As dificuldades de percepção de valor para os clientes têm sido um fator limitante para uma maior adesão e compartilhamento, e consequente avanço da iniciativa. No entanto, ressaltou que essa barreira será diluída assim que os novos produtos e serviços, vantajosos para os clientes, forem lançados. 

Rauber falou ainda sobre as questões de padronização e interoperabilidade. Com a chegada de novos reguladores que passam a participar do ecossistema como a Susep, com o Open Insurance, CVM, com o Open Capital Market e as discussões sobre Open Energy e Open Health; essas questões tornam-se cada vez mais importantes. “Tecnologicamente, como seremos capazes de fazer com que esse cenário se torne uma realidade?”, provoca ele.

Para encerrar, Annette Pereira (Itaú Unibanco), falou sobre a importância do aprofundamento das questões regulatórias por parte das empresas. Convidou os participantes a estudarem o projeto de lei que regula a inteligência artificial no Brasil, e reforçou a atenção que os comitês internos precisam dar à questão, para construir os pilares e obter a estrutura robusta e necessária para alavancar negócios no futuro.


Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária: um panorama sobre tendências, investimentos e adoção

O painel apresentou e repercutiu os dados obtidos pela 31ª edição da “Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária”, realizada pela consultoria Deloitte.

De acordo com a pesquisa, as prioridades para os bancos em 2023 são: análise e exploração de dados obtidos via Open Finance; transformação cultural do banco; moedas e ativos digitais. A agenda de tecnologia está voltada para cloud (foi estimado um crescimento de 20% no orçamento), com modernização de aplicações e aceleração de migrações; inteligência artificial para acelerar a automação; segurança cibernética inteligente e com governança; e, por fim, movimentos emergentes como ESG, Tokenização de ativos, real digital, 5G e metaverso.

Outro dado interessante e que comprova a aceleração da digitalização, já mencionada em outros painéis do FEBRABAN TECH, foi o crescimento de mais de 30% no número de transações digitais. Além disso, 8 em cada 10 transações hoje já são feitas no digital – vide a queda por transações via ATM e o crescimento de 105% do Pix. Nesse sentido, vemos o WhatsApp surgindo, não com um volume expressivo, mas com uma taxa de crescimento que chama atenção para o futuro.

As 3 principais formas de geração de valor por meio do Open Finance identificadas pela pesquisa são:

  • 75% – maior oferta de produtos financeiros;
  • 69% – conhecer melhor o contexto dos clientes;
  • 44% – oferecer o serviço de iniciação de transação de pagamentos. 

Para que o Open Finance possa se desenvolver, as instituições vão precisar superar os desafios da exploração de dados, para fazer isso de maneira eficiente. Para os painelistas, o Open Finance poderá entregar uma visão “720º” do cliente, porém, para que isso aconteça, é necessário tratar esses dados e fazer com que eles alimentem os sistemas, principalmente quando o assunto é relacionamento com o cliente, isso porque, ele faz parte de um contexto, que passa por várias jornadas, antes e depois da venda.

Por fim, o painel abordou a necessidade de oferecer experiências integradas para os clientes (omnichannel), seguindo os dados de comportamento dos usuários, a escassez de profissionais de tecnologia qualificados e a necessidade de integrar de negócios e tecnologia.

Para acessar a pesquisa completa, dividida em dois volumes, clique aqui.


Futuro dos meios de pagamento na economia digital

O painel apresentou resultados da pesquisa “Meios de pagamento tornam-se pessoais”, da Accenture e, em seguida, debateu com os painelistas o futuro dos meios de pagamento, como equilibrar segurança e agilidade e, por fim, como conversar com as gerações do futuro.

As principais informações obtidas pela pesquisa foram: Brasil, China e Índia estão à frente quando o assunto é adoção de novos meios de pagamento, sendo o Brasil o segundo maior mercado de pagamentos instantâneos do mundo. Os consumidores querem opções de pagamento mais rápidas, flexíveis e convenientes, para pagar em qualquer lugar, a qualquer hora e da forma que quiserem. Nesse sentido, a pesquisa apresenta o termo “IIF” para instantâneo, invisível e gratuito, como o ideal para os meios de pagamento do futuro.

Com os clientes cada vez mais exigentes, o momento para as empresas é de ação, no sentido de remover a fricção dos processos de compra, permitindo pagamentos por biometria, embarcados, click to pay, hiperpersonalização, entre outros. 

Entretanto, a ideia é habilitar todas essas novas funcionalidades mantendo os pilares de sucesso da indústria, em especial, o da segurança. O WhatsApp foi visto pelos painelistas como um grande expoente do comércio conversacional, responsável pela verdadeira transformação digital das pequenas e médias empresas, durante a pandemia.

De acordo com o painel, o futuro será construído por meio de parcerias com outras empresas e segmentos, para a ampliação da “rede das redes”. Além disso, a conversa com as novas gerações ainda precisa ser feita, para que esse novo perfil de consumidor seja amplamente compreendido e tenha suas necessidades atendidas pelas novas tecnologias.


Do regulatório à inovação: as oportunidades do open finance no Banco Pan

A importância de se gerar valor para os clientes no contexto de Open Finance vem sendo discutida durante os 3 dias do FEBRABAN TECH e foi reforçada pelos participantes desse painel. 

Para o Banco Pam, que a princípio estava focado em trazer cases disruptivos para o mercado, o retorno ao trabalhar com o “simples” foi acima do esperado. “Temos que pensar na simplicidade e trabalhar os dados internos para trazer cases de negócio do dia a dia dos nossos clientes. Hoje temos muitos dados que já nos mostram o perfil dos clientes, como dados de crédito, dados transacionais etc., precisamos usá-los de forma estratégica”, explica Renato Murakami.

Murakami comentou que a estratégia inicial do banco foi trabalhar os dados internos do marketplace para entender como estavam atendendo as demandas do público em termos de produto e lojas. Logo, passaram a analisar os dados de produtos de outros players, conseguindo expandir a sua visão dos hábitos de consumo e adequar a oferta, tirando um grande proveito disso.


Finanças comportamentais e a psicologia das decisões no dia a dia

Na palestra, Daniel Kahneman, professor emérito de psicologia e public affairs na Universidade Princeton e vencedor do Prêmio Nobel de Economia, discutiu sobre o julgamento humano e sua relação com a inteligência artificial. Ele explicou que, em muitos casos, essa tecnologia é superior ao nosso poder de julgamento.

Kahneman destacou a questão da intuição, afirmando que muitas pessoas confiam em sua intuição para liderar empresas e países, mas isso pode ser problemático, pois a intuição não é confiável em todos os casos. No entanto, ele ressaltou que existem exceções e que a intuição dos especialistas pode ser confiável em determinadas circunstâncias.

Para que a intuição dos especialistas seja confiável, Kahneman mencionou três condições: o mundo precisa ser previsível de alguma forma, exigindo regras; os especialistas precisam ter experiência na área em questão; e eles precisam receber feedback e melhorar com base nisso. Sem essas condições, não é possível confiar na intuição.

Kahneman discutiu também sobre erros de julgamento, mencionando a overconfidence (superconfiança), biases (viéses) e noise (ruído). Ele explicou que o ruído, que é a variabilidade nos julgamentos humanos, é mais presente do que geralmente percebemos. As pessoas veem o mundo de maneiras diferentes, o que leva a diferentes opiniões e resultados.

Em seguida, o palestrante comparou o julgamento humano com as estatísticas e a inteligência artificial. Por exemplo, um diagnóstico realizado por uma IA pode se tornar mais preciso do que o de um médico ao longo do tempo. A IA também pode superar os humanos em termos de velocidade de aprendizado, uma vez que aprende por meio de várias experiências, enquanto os humanos aprendem apenas com suas próprias experiências individuais.

Kahneman concluiu a palestra abordando a questão de como melhorar nosso julgamento. Para ele, as organizações tendem a tomar decisões melhores do que os indivíduos, pois possuem processos e condições para desenvolver um pensamento mais livre de vieses. Ele defende que o julgamento humano precisa se aproximar dos algoritmos para ser mais eficaz.


Real digital e o futuro do sistema financeiro

O painel focou na análise de CBDC pelo mundo, apresentando alguns cases de uso de moedas digitais e suas possíveis utilidades. Logo de início, Rodrigoh Henriques (Fenasbac) já deixa claro que não podemos considerar o Pix como uma moeda digital e sim uma moeda eletrônica.

Na China, a ideia por traz da criação de uma moeda digital é mais voltada para a questão dos pagamentos instantâneos. Já nos EUA, eles querem manter o padrão mundial de moeda em dólar, já que não estar presente nesse cenário digital pode fazer com que surjam outras moedas mais fortes, fazendo com que eles percam uma parte do mercado internacional. O Canadá, por sua vez, já está considerando ações para uma sociedade cashless, na qual toda e qualquer transação será digital – algo futurista e até mais à frente do Brasil, aponta Henriques.

No Brasil, o painelista chama a atenção para as novas possibilidades de modelos de negócio e criação de produtos financeiros descentralizados, que podem passar a existir com a moeda digital brasileira, como por exemplo, via representação digital tokenizada a compra, venda e/ou aluguel de bens.

A moeda digital brasileira deve ser segura, rápida e extremamente programável. Para Henriques, ela possui uma alta capacidade de aumentar a inclusão e fomentar novos negócios ao mesmo tempo.


Construindo o Banco do Futuro: a vertical de serviços financeiros em empresas não bancárias

Empresas não bancárias têm desempenhado um papel cada vez mais relevante no setor de serviços financeiros, como é o caso das fintechs, que utilizam a tecnologia para oferecer serviços financeiros de forma mais eficiente e acessível. Carlos Benitez (BMP), trouxe dados que demonstram a penetração acelerada dessas fintechs na área dos bancos. “Em 2021 tínhamos 4% de penetração, a expectativa para 2030 é de que chegue a 25% com a melhora dos processos internos”, afirma ele.

Para Benitez, embora as fintechs possam ser vistas como concorrentes para o setor, elas estão longe de ser uma ameaça. O painelista atribuiu aos bancos características que os destacam no mercado, como: reputação, relevância e perpetuidade. Complementam a esses atributos, a experiência e infraestrutura que os bancos possuem, sendo capazes de atender a todos os mercados. Já as fintechs possuem a velocidade que os bancos não conseguem alcançar.  

A solução para ele está na cooperação, já que as “instituições não bancárias compartilharão a sua visão com os bancos parceiros, somando conhecimento de ambos os lados”. Nesse sentido, a perspectiva dos bancos invisíveis também foi reforçada no painel, no qual clientes passarão a acessar serviços financeiros sem necessariamente interagir com um banco físico tradicional.  


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